método VAV
Bolsa de Valores Éticos
Vendo Ações Virtuosas é um convite para ver as ações virtuosas que brotam no caminho e, ao mesmo tempo, vender essas ideias e seus resultados virtuosos. O método de práticas sociais da VAV se chama Bolsa de Valores Éticos e consiste nos seguintes valores:
-VER as AÇÕES VIRTUOSAS: fazer uma escuta ativa do território, seus agentes, paisagens, riquezas materiais e culturais. Neste mapeamento, busca-se para reconhecer tanto das necessidades quanto os potenciais locais.
-PromoVER AÇÕES VIRTUOSAS: Nosso foco é desenvolver e potencializar os talentos já existentes, mas também descobrir novos desejos reprimidos através de processos coletivos, artísticos, terapêuticos e co-criativos. Acreditamos que a melhor estratégia para isso é promover dinâmicas cooperativas, que promovem a ajuda mutua, além da criação e fortalecimento das redes de apoio e intercâmbio locais, regionais e internacionais.
-VENDER AÇÕES VIRTUOSAS: nossa função nos projetos que estão sendo “chocados” pela VAV é dar apoio para que eles se sustentem, fazendo circular suas ideias e seus recursos, seja promovendo mutirões e voluntariados, fundos rotativos, moedas sociais, rifas, bazares, eventos beneficientes e doações, como também buscando fundos através editais públicos e privados, lei Rouanet, participação em feiras, exposições, site e divulgação nas redes sociais para formação de um público comprador.
– EMANCIPAÇÃO ou PARCERIA: nosso principal objetivo é que os projetos incubados pela VAV ganhem autonomia e se emancipem ou continuem próximos de nós através de parcerias e apoio mútuo.
– ARTE COSMOPOLÍTICA: Acreditamos que a arte, assim como a cultura, a economia, a educação e a tecnologia não é uma produção exclusiva dos seres humanos. Toda produção humana é o reflexo de uma cultura que já existe na natureza. Cada agente – sol, planta, bicho, rio, mineral, bactéria- tem uma agenda política que precisa ser escutada. Mesmo aquelas culturas que consideramos ruins ou destrutivas, elas seguem o ritmo de um vírus, uma praga ou um tumor. E todas essas manifestações podem ter uma função dentro do equilíbrio da vida, se bem direcionadas. A arte, de um ponto de vista não- antropocêntrico, é a metamorfose que todo ser vivencia de modo a participar da pulsação da vida. Arte cosmopolítica é a criação de mundos, é o modo único com que casa ser vivo de cada espécie expressa a vida no cosmos. A arte é o que mantém a vida sempre antiga e, ao mesmo tempo, sempre nova.
-JOGOS-RITUAIS: A VAV acredita que a arte é um jogo-ritual que inclui tanto a pintura, a música e a literatura, assim como a maneira como os seres humanos e não humanos encontram para se organizar socialmente, economicamente, ambientalmente ou emocionalmente. Neste sentido, tudo está integrado ao jogo-ritual da arte, desde a planta que fornece os pigmentos até as transformações que a obra gera no espectador; desde o resgate de uma tradição à formação de uma cooperativa, até a venda dos seus produtos. Os jogos-rituais artísticos são um modo de transformar paisagens internas e externas. Tudo que se faz no exterior, tem um reflexo no interior: se estamos tecendo, estamos tecendo algo dentro de nós, se estamos resgatando uma tradição, estamos resgatando algo perdido dentro de nós, se estamos coletando pigmentos, estamos coletando tesouros dentro de nós e se estamos destruindo o meio ambiente, estamos destruindo a nós mesmxs.
-LIBERTAÇÃO DO IMAGINÁRIO: Libertação do imaginário seria a nossa capacidade de resgatar e reinventar narrativas reprimidas pelos sistemas de opressão ao longo dos milênios. Observando o quanto nossa visão sobre o passado molda o presente e o nosso futuro. Quando as narrativas colonialistas focam nos modelos de sociedade que sobreviveram através de guerras, violência e desigualdades sociais, é esse o futuro que ela quer que seja moldado. A libertação do imaginário nos faz descolonizar este pensamento e olhar para a importância de honrar as narrativas de ancestrais, pessoas e povos que viveram e atualmente vivem em relações de conexão e respeito com o meio ambiente e com outros seres humanos. Ao mesmo tempo, a libertação da mente colonialista nos convida a criar as nossas próprias narrativas, subjetividades, soberania e autonomia criativa. De maneira prática, libertar o imaginário é dar espaço para que cada participante dos projetos sociais e artísticos possa se expressar, seja ele humano ou não humano: uma planta, um rio, um ecossistema, as abelhas, a chuva… Ou seja, desenvolver jogos-rituais onde exista respeito pelas pessoas e pelo meio ambiente, entendendo-os como interdependentes.
-RECICLAGEM EMOCIONAL: Reciclagem emocional é outro ingrediente presente nos jogos-rituais da VAV. Como utilizar as crises, os conflitos, a guerra e a crítica aos sistemas de opressão como matéria prima para as transformações que queremos no mundo? Não é sobre evitar as tragédias e nem se afundar nelas, é sobre olhar nos seus olhos e… fazer alquimia! Usar a indignação, a tristeza, o medo e a raiva como energia motora para redesenhar a realidade. Aprender a conduzir as emoções para o reencontro com um estado de amor. No sentido de que todas as emoções partem da necessidade de amar e ser amado e que as emoções surgem para nos manter ou nos fazer buscar esse amor que nos foi tirado. Como conduzir a energia da raiva para que ela que nos direcione para a criação de uma realidade mais justa, onde possamos expressar melhor o nosso amor? Entender que para buscar o amor de maneira incondicional é necessário atravessar sentimentos desagradáveis e escutar o caminho que eles nos apontam.
-ECONOMIA DA ENERGIA VITAL: Economia da energia vital é o eixo que conecta os jogos-rituais com as relações sociais e ambientais. A economia num sentido que vai muito além da financeira, esta é somente uma pequena parte da economia que mantem a vida humana. Nesta perspectiva, as trocas humanas afetivas – agradáveis ou não- fazem parte da economia, assim como as trocas com outros seres, animais que comemos, a terra, a água, o sol que nos mantém, as estrelas e toda a dança cósmica da economia. A economia capitalista neoliberal reproduz um fenômeno da natureza: o tumor. O crescimento infinito como modelo econômico não é sustentável para o organismo terrestre. Como então pensar em dinâmicas de dar e receber que sejam o reflexo dos sistemas que sustentam a vida? Dinâmicas circulares como uma floresta, que possam beneficiar todo o sistema em relações de ganha-ganha? Como pensar em novas maneiras de fazer circular moedas? Como pensar em modos de sustentar projetos sociais? Como equilibrar os aspectos yin e yang – feminino e masculino- numa sociedade patriarcal?
-FAÇA VOCÊ MESMA/O/E: A provocação do método VAV é que cada pessoa possa criar os seus próprios jogos-rituais. Como criar sua própria maneira de redesenhar as paisagens internas e externas? Como fazer da construção da própria vida e da realidade em torno uma forma de arte? Integrando esta metamorfose com todos os seres humanos, não humanos e extra humanos. Mais do que uma arte política revolucionária, esses jogos-rituais da VAV se apresentam como arte cosmopolítica.
Quer se aprofundar no método de práticas sociais da VAV?