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Jogo-ritual 9: Meditação metamorfose

Por Lívia Moura
Preparação:

-pegue um dispositivo (celular) que possa gravar a sua própria voz .

-grave a meditação abaixo com sua voz lenta e calma, dando uma boa pausa entre as frases.

-pegue um alimento (o que achar melhor e mais prático para esta vivência)

-sente-se de maneira confortável e coloque um dispositivo sonoro (celular) e o alimento próximo de ti

-esteja presente

-sente-se de maneira confortável e coloque o áudio que você gravou para tocar 

Meditação Metamorfose: 

Deixe o olhar pousar, quase se fechando e direcione sua atenção sobre a sua respiração.

Coloque as mãos sobre o abdômen. Na inspiração, seja o ar que entra pelas suas narinas até fazer com que a sua barriga cresça. Na expiração deixe a barriga esvaziar.

Continue respirando.

Onde está o som? No dispositivo sonoro ou nos seus ouvidos?

Seja os sons que você escuta.

Mais do que observar a sua respiração, seja a sua respiração, seja o ar que entra nos seus pulmões pelo nariz.

Você não está no planeta Terra, você é o planeta Terra.

Este ar é o resultado do metabolismo das plantas. 

As plantas cultivam a sua vida.

Você está sendo cultivado pelas plantas.

Você é um produto cultural da planta.

Gaia respira em você (Coccia,2020:157).

Você invade o espaço, assim como o espaço invade você.

Você é o jardim e o jardineiro de outras espécies.

Simultaneamente artista e obra.

Você e todos os seres são o espaço que o mundo procura encontrar um novo rosto.

Continue sendo a sua respiração.

Você não faz parte da Terra, você é a Terra. Tudo que você fizer sobre ela, estará fazendo sobre sua própria carne.

Pegue agora o alimento que escolheu. Observe a sua aparência, cor cheiro, textura… coloque-o na boca sem mastigar… sinta a saliva salivando… comece a mastigar e sinta o seu gosto, a temperatura a consistência… agora, com presença, engula o alimento.

Viver coincide com a tarefa de ter que assimilar a vida dos outros, o corpo dos outros em nossos corpos e nossa vida. (Coccia, 2020:102).

Ao ingerir este alimento, você é o sujeito, o objeto e o local da metamorfose.

Ao comer você se transforma num casulo, dentro do qual outra forma de vida se torna humana.

Transmigração infinita da matéria.

Porque você está lendo esta tese, se não para atravessar os limites do seu próprio pensamento e deixar que outros pensamentos atravessem os mesmos limites?

Estamos aqui para devorarmos uns aos outros, para nos nutrirmos de vida estrangeira. 

Todos somos o corredor e a porta de entrada para uma infinidade de outros mundos (Coccia,2020: 157).

Seja a sua respiração, seja a carne de Gaia.

Aos poucos comece a mexer o corpo.

Abra os olhos.

Agora sim, e escreva uma resposta sobre a pergunta: Quem você é na metamorfose da vida?

Obs.: Texto inspirado no Livro Metamorfoses de Emanuele Coccia (Coccia, 2020) e práticas Zen Budistas.

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